quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Resenha: The Purge

purge  (pûrj)
v. purgedpurg·ingpurg·es
v.tr.
1.
a. To free from impurities; purify.
b. To remove (impurities and other elements) by or as if by cleansing.
2. To rid of sin, guilt, or defilement.



Sou uma grande fã do Halloween. Fico muito empolgada justamente por ser um dia dedicado ao horror, ao susto e à fantasia. Mal sabia que poderiam criar um dia que fosse ainda mais instigante e assustador. 
Assisti na tarde deste dia 31 ao filme The Purge, cujo título em português é ridículo demais para merecer citações. A história se passa em 2022, nos Estados Unidos. O crime é praticamente nulo e violência não é nem de longe um problema para o americano de bem. Exceto por uma noite. Segundo especialistas, o ser humano é naturalmente violento e incontrolável, e precisa liberar toda os seus sentimentos como ódio, rancor e frustração através da violência pelo menos uma vez por ano, já que somos forçados a viver civilizadamente. Assim, no dia 21 de Março, durante doze horas, todos os crimes (incluindo assassinato) deixam de ser punidos, bem como qualquer assistência policial ou médica poderá ser ofertada. 

Os ricos passam o ano se preparando para proteger suas famílias e residências com equipamentos de seguranças caríssimos, enquanto os pobres contam com a sorte e geralmente são as vítimas daqueles que desejam "purificar-se" através da violência. 

Essa premissa me pareceu genial! confesso que tive um bocado de preguiça do começo da história, que retrata um membro importante de uma companhia de equipamentos de segurança e sua família. É um grande retrato da família americana de classe alta perfeita. Mas o desenrolar do filme deixa claro que essa é justamente a intenção, satirizar a nossa sociedade contemporânea comparando-a com uma futurista. 

Trata-se de um suspense, não de terror, mas me serviu muito bem num Dia das Bruxas em que poucos filmes de horror me prendem ou me dão medo. The Purge me deixou alerta e tensa do começo ao fim com roteiro excelente, personagens convincentes (tirando o Patriarca (que inclusive o chamo assim porque age como tal, o que é bem irritante) e a filha mais velha) e, em especial, a ideia de que aquela realidade não é tão distante. 

Durante a trama alguns questionamentos são levantados. É fato que desde que o "Purge" foi instaurado, a economia americana melhorou e o crime caiu para quase zero. No entanto, não fica claro o motivo para tal: será pelo ser humano estar satisfazendo seu desejo natural por sangue ou por ricos estarem eliminando os pobres e "improdutivos"? Situação semelhante já ocorre no Brasil, em que políticas higienistas são aplicadas em bairros nobres, com a retirada compulsória de moradores de rua. O mesmo acontece nas favelas e morros, onde a polícia mata e tortura indiscriminadamente. Em The Purge, o personagem que é morador de rua e vítima das pessoas que desejam matá-lo é negro: um retrato da nossa sociedade racista, classista e higienista atual.

Inúmeras vezes este mesmo personagem é chamado de porco sujo, e dizem que a função dele é apenas morrer, já que é uma pessoa socialmente inútil. O discurso não é muito diferente do que vemos por aí em alguns núcleos. 

O grande teor filosófico do filme é a maldade humana. Ela é, afinal, inata? O filho mais novo, Charlie, é contra o período de violência desde o começo e sempre mantém esse ideal firme, enquanto a crueldade e frieza de outros personagens adultos nos impressionam durante toda a trama. 

Minha crítica a The Purge se refere apenas ao fato de ser o tipo de roteiro que possui vários finais, daqueles em que você pensa que é hora de rolar os créditos mas se surpreende. Pessoalmente, acho o modo como o recurso foi explorado no filme bastante negativo. Preferia um final mais clichê!

Assisti sozinha, mas acho que funciona em qualquer instância. De luz apagada o suspense é maior.

Dica: ótimas ideias para fantasias de Halloween em The Purge.

Máscara + facão + vestido branco respingado de sangue

Um comentário:

  1. Estou com ele aqui na versão Jack Sparrow, de início não me interessei muito mas vou encarar.

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