Eu odeio homens. Todo homem que já conheci, que já deixei se aproximar de mim, usou de seu privilégio para me subjulgar. Cada um deles, até os que amei e confiei. Até os que têm o mesmo sangue que eu correndo pelas veias.
Isso não me impede (infelizmente, talvez) de amar alguns homens, de querê-los por perto. E isso, também, não me impede de em muitos momentos pensar com pesar, enquanto rio na mesma mesa de bar que um ou mais homens, que os odeio. E que eles também me odeiam, não por eu ser Carol, mas por eu ser mulher. E gostaria de avisá-los que o ódio é recíproco, mas geralmente não o faço.
Eles me avisam mil vezes que me odeiam. Falam que eu sou um dos caras para me amarem. Relevam os assédios que sofri dos amigos deles. Colocam, como sempre, a fraternidade masculina como prioridade (mas se uma mulher decide por as amigas na frente, é uma "maria vai com as outras"). Ficam rindo da minha necessidade de me impor enquanto mulher, enquanto me objetificam enquanto mulher. Rindo de mim enquanto sujeito, se aproveitando de mim enquanto objeto.
Eu odeio homens.
Eu amo e gosto de alguns homens, também. Mantenho alguns pés atrás com eles porque sei que antes de serem Fulano ou Beltrano, foram homens, e continuarão sendo. Quando são machistas, não são Fulano ou Ciclano: são homens cheios de privilégios sujos.
Toda vez que um homem que amo me decepciona, eu fico triste. Eu não gosto de odiar homens. Eu não gosto de odiar.
Mas meu ódio se tornou o escudo que me impede de ser pisada pelos mesmos homens que amei ou amo. O meu ódio é só o que sobrou quando eles passaram a se aproveitar do fato de que os amo.
Texto originalmente publicado no meu Facebook, mas decidi postar no blog porque muitas mulheres se identificaram.
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