Depois de esperar por tanto, tanto tempo, assisti Bling Ring: digirido por Sofia Coppola, com Emma Watson e Taissa Farmiga, não era o tipo de filme que eu poderia deixar passar. Sou fã da Sofia Coppola desde Virgens Suicidas e poucas coisas me deixam mais irritada do que o excesso de criticismo que a diretora recebe simplesmente por não seguir uma determinada linha de direção.
Bling Ring parece loucura, mas não é. Um grupo de amigos começa a entrar na casa de celebridades como Paris Hilton, Lindsay Lohan e Orlando Bloom. Lá, experimentam roupas e roubam algumas peças, sapatos e jóias, mas nunca o suficiente para serem notados. Obviamente, em algum momento tudo daria errado e o esquema cairia por terra. Esse roteiro sensacional nas mãos de Sofia Coppola era o que eu esperava mais em 2013.
A história começa por Marc, um adolescente um inseguro que acaba de se mudar e todos na sua nova escola o tratam mal. Rebecca é a única do colégio com o rapaz se dá bem e logo tornam-se melhores amigos. Com ela, Marc começa a entrar em mansões de famílias que estavam viajando para roubar dinheiro e alguns pertences que não fazem muita falta. Um dia, eles se arriscam e experimentam tentar entrar na casa de Paris Hilton: para a surpresa dos amigos, a celebridade deixava a chave de casa debaixo de carpete e eles puderam simplesmente entrar e vasculhar sua casa e, em especial, seu guarda-roupas.
Rapidamente outros amigos se envolvem e isso se torna um hábito: começa a tal Gangue de Hollywood do título brasileiro.
A premissa do filme é uma grande interrogação: existem muitas possibilidades cinematográficas diante do caso de Bling Ring e Sofia escolheu uma inusitada. Ela não aposta num documentário judicial ou mesmo num drama meloso sobre drogas e festas arruinando a juventude. Coppola juntou as faces mais queridas da América e as expôs novamente mostrando ao mundo quem a mídia está formando. Quem são os jovens que acompanham os passos de Lindsay Lohan? Quem são as garotas que querem ter o closet de Paris Hilton? O quão longe elas irão por isso? O que separa o expectador (que se pega invejando a caixa de Rolexes de Orlando Bloom e gostaria de também experimentar um vestido Chanel) do caso real de Bling Ring?
Afirmo sem medo (mas falo somente por mim, obviamente) que Sofia Coppola é uma das poucas pessoas tão contumazes e delicadas ao fazer críticas à superficialidade e efemeridade do mundo moderno. É muito fácil cair em clichês sensacionalistas e manjados que só serviriam para serem exibidos em aulas de história. O que Sofia faz é envolver o espectador, mostrar que ele também faz parte desse mundo e que ele possui parte da responsabilidade. Ao mesmo tempo, ela não o demoniza.
Existem muitas cenas em que os adolescentes vão vasculhando os closets das celebridades e experimentam roupas, encontram jóias, dinheiro, drogas, fotos pornográficas. Como desde o início do filme fica claro que em algum momento o grupo é preso pela polícia, essas cenas são estranhamente tensas mas ao mesmo tempo gostosas de se assistir. É como se fôssemos um deles, dentro da casa de Paris e, secretamente, gostaríamos mesmo de ser.
O mundo de luxo que é retratado não é ruim. Ele é prazeroso, e todos nós sabemos disso, e é justamente aí que mora o problema. Todos nós entendemos quando Rebecca passa um batom de Paris e se olha no espelho do closet que não era seu: ela estava onde queria estar, mesmo que fosse por um minuto. Efêmero como todo o materialismo do século XXI.
O estilo de vida que nos é vendido e que geralmente não está ao nosso alcance é vazio e supérfluo. Pode ser roubado por um grupo de adolescentes a qualquer momento. E talvez seja por isso mesmo que gostamos tanto dele e não queremos abrir mão desse luxo.
Dois detalhes que merecem destaque em Bling Ring:
Trilha sonora - de todas as músicas, a que mais me marcou foi Bad Girls, da M.I.A., porque traz um bocado do momento que os amigos do filme estavam vivendo.
Rapidamente outros amigos se envolvem e isso se torna um hábito: começa a tal Gangue de Hollywood do título brasileiro.
A premissa do filme é uma grande interrogação: existem muitas possibilidades cinematográficas diante do caso de Bling Ring e Sofia escolheu uma inusitada. Ela não aposta num documentário judicial ou mesmo num drama meloso sobre drogas e festas arruinando a juventude. Coppola juntou as faces mais queridas da América e as expôs novamente mostrando ao mundo quem a mídia está formando. Quem são os jovens que acompanham os passos de Lindsay Lohan? Quem são as garotas que querem ter o closet de Paris Hilton? O quão longe elas irão por isso? O que separa o expectador (que se pega invejando a caixa de Rolexes de Orlando Bloom e gostaria de também experimentar um vestido Chanel) do caso real de Bling Ring?
Afirmo sem medo (mas falo somente por mim, obviamente) que Sofia Coppola é uma das poucas pessoas tão contumazes e delicadas ao fazer críticas à superficialidade e efemeridade do mundo moderno. É muito fácil cair em clichês sensacionalistas e manjados que só serviriam para serem exibidos em aulas de história. O que Sofia faz é envolver o espectador, mostrar que ele também faz parte desse mundo e que ele possui parte da responsabilidade. Ao mesmo tempo, ela não o demoniza.
Existem muitas cenas em que os adolescentes vão vasculhando os closets das celebridades e experimentam roupas, encontram jóias, dinheiro, drogas, fotos pornográficas. Como desde o início do filme fica claro que em algum momento o grupo é preso pela polícia, essas cenas são estranhamente tensas mas ao mesmo tempo gostosas de se assistir. É como se fôssemos um deles, dentro da casa de Paris e, secretamente, gostaríamos mesmo de ser.
O estilo de vida que nos é vendido e que geralmente não está ao nosso alcance é vazio e supérfluo. Pode ser roubado por um grupo de adolescentes a qualquer momento. E talvez seja por isso mesmo que gostamos tanto dele e não queremos abrir mão desse luxo.
Dois detalhes que merecem destaque em Bling Ring:
Trilha sonora - de todas as músicas, a que mais me marcou foi Bad Girls, da M.I.A., porque traz um bocado do momento que os amigos do filme estavam vivendo.
Nicki - personagem da Emma Watson, que é uma moça muito cínica e cara de pau. Praticamente aplaudi em frente ao computador em algumas cenas por causa dela!
No mais, me arrependi apenas de ter assistido Bling Ring antes de ir passar um fim de semana de Boa Moça com meus pais, sem uso de álcool de substâncias ilícitas. :(
Carol, mesmo que esteticamente perfeito, não gostei tanto do filme, mas como você disse, acho que justamente porque não entendi a Sofia. Não conhecia detalhes da história nem sabia de nada sobre o caso, como outras pessoas com quem conversei nas redes sociais. Sabia que era um filme sobre a juventude exagerada e sobre o mundo de deslumbre e fascínio que a fama cria nesse pessoal. Queria ver um pouquinho mais a gangue conversando entre si e um pouquinho menos de documentário, sabe? Mas ao mesmo tempo também curti demais quando a Emma Watson usa da exposição para promoção pessoal. Também gosto muito da Sofia e quase enchi um balde de lágrimas assistindo Somewhere, mas nesse não me bateu vontade de assistir de novo. Acontece, e essa é graça da coisa. O texto tá ótimo! ;*
ResponderExcluirAmei a crítica, mas ainda não vi o filme, como sempre, né? Porque sou a pessoa mais enrolada para ver filmes na face do nosso planeta.
ResponderExcluirVocê leva muito o jeito pra coisa! <3 Fiquei LOUCA para ver o filme por causa da sua resenha!